Associação Cultural Bassula Capoeira
Associação Cultural Bassula - Capoeira Fundada em 31/03/2007 pelo professor Burca A Associação Cultural Bassula - Capoeira é uma entidade de utilidade pública que tem como objetivo a difusão da Cultura Brasileira através da Capoeira.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Curso com mestre Tucano Preto em Bauru SP
segunda-feira, 16 de maio de 2011
As limitações da Lei Áurea
Ao falarmos sobre Lei Áurea, é comum muitos se lembrarem da princesa Isabel como sendo uma mulher generosa que concedeu a liberdade aos negros. No ano de 1888, a princesa assinou o decreto que acabava com a escravidão brasileira e revogava qualquer outra lei que fosse contra tal decisão. Sendo formada apenas por esses dois artigos, a mais importante lei abolicionista era de uma simplicidade distante da real situação dos negros no Brasil.
Antes de tudo, devemos pensar sobre o contexto em que a Lei Áurea fora assinada. Naquela época, os movimentos abolicionistas agitavam os grandes centros urbanos do país realizando vários alertas sobre a implicação negativa da escravidão no desenvolvimento do país. A exploração e os abusos dessa modalidade de trabalho eram sistematicamente criticados em seus aspectos morais e sociais. Além disso, a mesma era posta como um sinal da barbárie nacional em relação à “Europa civilizada”.
Vale também lembrar que, nos fins do século XIX, a escravidão era uma atividade econômica quase impossível. A proibição do tráfico negreiro internacional criou uma grave limitação da mão de obra, dificultou a obtenção de novas peças e encareceu o escravo no mercado. Apesar da ampliação do tráfico interprovincial, o uso dos escravos não conseguia suprir a enorme demanda gerada pela economia cafeeira. Não por acaso, vemos que a mão de obra dos imigrantes se transformava em uma opção mais atrativa.
Com isso, ao abolir a escravidão, a princesa Isabel somente executava o “tiro de misericórdia” em uma relação de trabalho inviável. Entretanto, ao não dispor nenhum tipo de inserção dos negros à sociedade, a Lei Áurea se mostrou limitada ao manter os negros libertos na mesma condição de dependência e subordinação. Em várias situações, os salários irrisórios impunham uma condição de vida tão ou mais penosa para aqueles novos trabalhadores livres.
Por Rainer Sousa
Faleceu Mestre Peixinho
Mestre Peixinho – Marcelo Azevedo Guimarães / Rio de Janeiro, RJ.
Mestre Peixinho nasceu em Vitória, Espírito Santo, em 1947. Iniciou a capoeira em 1964, entrando para o grupo que veio a ser denominado Grupo Senzala, em 1965, sendo um de seus fundadores. Participou do torneio Berimbau de Ouro em 1967, 1968 e 1969. Ministrou aulas de capoeira na UFRJ de 1973 a 1980, na UERJ de 1979 a 1983. Participou de exibições e shows no teatro Municipal (1971) e Sala Cecília Meireles (1969), Festival Internacional na Ilha de Reunion (1977), Projeto Brasil em Preto e Branco, durante seis meses na Europa, em 1987, organizador dos primeiros encontros europeus de capoeira a partir de 1987 e dos Encontros Escandinavos de Capoeira, a partir de 1990. Atualmente Mestre Peixinho coordenava um extenso grupo de professores que ensinam em diversas cidades brasileiras, européias e americanas.
Vai em Paz Mestre Peixinho...O nosso senhor estará te esperando de braços abertos.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Mestre Bimba
Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba (1900/1974), foi um dos maiores capoeiristas de todos os tempos. Excelente jogador, lutador respeitado, era um exímio cantador e tocador de berimbau. Bimba foi o primeiro capoeirista a receber uma autorização dos órgãos públicos para o funcionamento de uma academia oficial para a prática da Capoeira. Mestre Bimba revolucionou a concepção conservadora que se tinha da Capoeira, criou seu estilo próprio, transformando-a em arte e esporte popular. Foi convidado pelo Presidente da República, Getúlio Vargas, para fazer uma exibição, ocasião em que Getúlio declarou que a Capoeira era uma luta de valor sem igual. É o revolucionário da capoeira, respeitado e admirado por todos os capoeiristas, recebeu o título de Doutor Honoris Causa post-mortem pela Universidade Federal da Bahia, por notório saber |
Professor Cacá mais que um amigo, um exemplo a ser seguido.
Antonio Carlos C. Cunha, nascido em São Paulo, capital, iniciou-se na capoeira em novembro de 1989, no clube Círculo Militar de São Paulo com o professor Chicão (formado pelo Mestre Canhão – discípulo do Mestre Bimba), pelo qual foi batizado e recebeu sua primeira graduação.
Após um ano de treinamento e devido a problemas pessoais do professor Chicão, que o obrigaram a retornar para sua terra natal, Cacá passou a treinar com o Contra Mestre Carlos Araújo (formado pelo Mestre Gládson – Policenter), que assumiu o trabalho no C.M.S.P.. Durante aproximadamente seis anos C.M. Carlos liderou o trabalho no Círculo Militar. Cacá chegou assim a aluno graduado e iniciou seu ciclo de educador, auxiliando nas aulas de capoeira como monitor.
Em busca de aprimorar seus conhecimentos Cacá passou a treinar no Grupo Capoeira Gerais, com o Contra Mestre Aberrê (formado pelo Mestre Mão Branca). Cacá passou 10 anos ao lado do atualmente, Mestre Aberrê, aprendendo e desenvolvendo muito de sua bagagem atual, “esses dez anos foram a minha faculdade na capoeira”. Em maio de 2003, Cacá se formou professor de capoeira, que considerou um momento muito especial em sua vida, despertando a partir daí, o desejo de trilhar por novos caminhos.
Com 20 anos (novembro de 2009) vivendo a capoeira, o professor Cacá, na busca de novos horizontes e o desejo de ampliar seus ideais, em 06 dezembro de 2006, fundou a ESCOLA CULTURAL ZUNGU CAPOEIRA, que hoje é a sua própria escola, seu trabalho independente, onde juntamente com os seus alunos, graduados e instrutores traçam uma nova trajetória nessa interminável história. Tudo isso com o apoio de renomados Mestres de Capoeira.
Professor Cacá é um grande amigo e uma pessoa que tomamos como referência em nosso grupo...axé irmão!!!
Uma lenda viva da capoeira.
O MESTRE
(foto: Brígida Rodrigues)
Ao pensar em Mestre Ananias, precisamos compreender que seu legado transpassa os parâmetros e doutrinas estabelecidas na Cultura da Capoeira nas últimas décadas. A estruturação da Capoeira em São Paulo foi conduzida por capoeiras baianos, porém em uma realidade sócio-cultural que segue uma trilha diferente, cheia de segredos a serem desvendados.
OBRA VIVA, DURADOURA
Bahia...
Ananias Ferreira nasceu em 1924 em São Félix (BA), nesta região que vivencia a força e influência africana em solo brasileiro e que oferece a Capoeira, o Samba e o Candomblé como alicerces formadores da nossa cultura. Sua infância, portanto, foi brincar e compartilhar esse universo, uma realidade cheia de contrastes em relação ao que vivemos hoje. Em suas lembranças, Ananias fala de um senhor que tocava berimbau de imbé, ou cipó caboclo, o Mestre Juvêncio, também de seus companheiros de roda: os irmãos Toy e Roxinho, Caial, Estevão, João de Zazá, Café e Vito. Ele lembra também de Inácio do Cavaquinho (que fazia samba com seu pai) e da roda de capoeira que armavam na venda do Seu Mané da Viola em Muritiba na rua do “Caga à Toa” (hehe).
Ainda muito jovem, Ananias trabalhou na lavoura de cana e nas indústrias de fumo, quando decidiu ir a Salvador em busca de melhores condições de vida. Na capital baiana, morou nos bairros do Engenho Velho de Brotas, Curuzu e Liberdade, onde é acolhido por um dos grandes mestres da Capoeira, Valdemar da Liberdade. Aí teve sua maior influência e passa a ser responsável pela bateria junto a Bugalho, Zacarias e Mucungê. Nessa época de formação da Capoeira (que se apresenta hoje) conviveu com grandes nomes como Mestres Pastinha, Nagé, Onça Preta, Noronha, Dorival (irmão de Mestre Valdemar), Traíra, Cobrinha Verde, Canjiquinha – de quem recebeu seu diploma - e tantos outros. Foi ali no Corta-Braço (assim é conhecida a região onde se localizava o Barracão do Mestre Valdemar) que os produtores Wilson e Sérgio Maia buscaram Mestre Ananias, Evaristo, Félix e algumas baianas para trabalhar na cena teatral paulistana...
São Paulo, 1953...
Junto a Plínio Marcos e Solano Trindade na cena teatral paulistana, Ananias contribuiu para dar visibilidade à riqueza do patrimônio espiritual e estético do Negro brasileiro. Sacudiu os teatros paulistanos (Municipal, Arena, São Pedro, TAIB, São Paulo Chic, entre outros) com os sambistas Geraldo Filme, Toniquinho Batuqueiro, Zeca da Casa Verde, Talismã, Jangada, Silvio Modesto, João Valente, João Sem Medo e outros batuqueiros. Atuou na peça Balbina de Iansã, em 1970, e em Jesus Homem, em 1980 (ambas de autoria de Plínio Marcos. Esteve no elenco da primeira encenação de O Pagador de Promessas (dirigida no TBC por Flávio Rangel em 1960) e teve participação na trilha sonora da filmagem deste enredo, em cartaz nos cinemas dois anos após. Também participou dos filmes Brasil do Nosso Brasil (produzido por Xangô), Fronteira do Inferno e Ravina (de Anita Castelane) e fez gravações com Jair Rodrigues, entre outros.
Pioneiro entre os capoeiristas a estabelecer residência na terra da garoa, Mestre Ananias está hoje em plena atividade e é enorme influência para gerações na tradição da Capoeira Paulistana e o representante do Samba de Roda do Recôncavo Baiano na capital.
Neste mais de meio século, conviveu com grandes capoeiristas baianos que viveram e passaram por São Paulo, como Zé de Freitas, Limão, Valdemar (do Martinelli), Hermógenes, Gilvan, Silvestre, Paulo Gomes, Suassuna, Brasília, Joel e muitos outros.
Ananias Ferreira é uma figura emblemática da cultura afro-brasileira, que ao longo de uma vida extensa ─ com tenacidade e carisma ─ mantém viva a mais pura ancestralidade no moderno coração da maior cidade do Brasil.
É o representante mais significativo entre os criadores de uma instituição que se mantém há mais de meio século: a roda de capoeira dominical da Praça da República em São Paulo. Uma autêntica ágora, espaço de resistência, de confronto e diálogo dos talentos e dos estilos mais diversos, e também de aprendizagem. Poucos capoeiristas na cidade de São Paulo não conheceram de perto esta roda ou estiveram cientes da oportunidade de entrar livremente nela. Esta instituição é a emanação do carisma de uma pessoa, Mestre Ananias, cujo axé inscreve esta vitalidade coletiva num lugar altamente simbólico, compatibilizando a liberdade informal da rua com a urbanidade dos costumes.
A AFRICANIDADE NA GESTUALIDADE E NA VOZ : A TRANSMISSÃO DA HERANÇA AFRICANA ATRAVÉS DA ARTE
Cada vez mais escassos hoje entre os expoentes reconhecidos da cultura afro-brasileira são aqueles que portam no seu corpo as marcas gestuais, as posturas, as inflexões vocais que denotam a origem cultural africana. Aquilo que se tentou resgatar através do exemplo do reconhecimento tão tardio de uma Clementina de Jesus ainda está vivo em poucos redutos do Brasil, entre os quais o manancial que irrigou musicalmente o país com o Samba de Roda – hoje Patrimônio da Humanidade na categoria de expressões orais e imateriais: o Recôncavo da Bahia, onde o Mestre nasceu e se criou.
Tanto na roda de capoeira, na ginga e na mandinga, como na entonação e nas síncopes do canto, do pandeiro, do atabaque, nos passos inesperados do samba dançado, tudo aquilo que suscitava nas anotações de campo de Mário de Andrade julgamentos entusiastas e de admiração, está sendo transmitido pelo exemplo vivo do Mestre. Sabemos da importância do registro de vivências que se tornarão modelos clássicos para as gerações vindouras.
REGISTROS DOCUMENTAIS
Somente aos 80 anos Mestre Ananias gravou o primeiro cd de capoeira como protagonista, junto a seus discípulos formados no início da década de 90 e que vivem sua rotina diária. Aos 83 anos, lançou com o grupo Garoa do Recôncavo seu primeiro cd de Samba de Roda. Em 2009, foi um dos mestres selecionados para o registro no documentário Cantador de Chula (de Marcelo Rabello) como o único sambador convidado que não reside na região do Recôncavo.
No ano de 1979, participou da gravação do LP de Mestre Joel e também esteve presente em gravações amadoras de outros grupos de capoeira no decorrer de sua carreira.