segunda-feira, 16 de maio de 2011

As limitações da Lei Áurea

A Lei Áurea acabou com a escravidão, mas não pensou na inserção dos negros na sociedade.

Ao falarmos sobre Lei Áurea, é comum muitos se lembrarem da princesa Isabel como sendo uma mulher generosa que concedeu a liberdade aos negros. No ano de 1888, a princesa assinou o decreto que acabava com a escravidão brasileira e revogava qualquer outra lei que fosse contra tal decisão. Sendo formada apenas por esses dois artigos, a mais importante lei abolicionista era de uma simplicidade distante da real situação dos negros no Brasil.

Antes de tudo, devemos pensar sobre o contexto em que a Lei Áurea fora assinada. Naquela época, os movimentos abolicionistas agitavam os grandes centros urbanos do país realizando vários alertas sobre a implicação negativa da escravidão no desenvolvimento do país. A exploração e os abusos dessa modalidade de trabalho eram sistematicamente criticados em seus aspectos morais e sociais. Além disso, a mesma era posta como um sinal da barbárie nacional em relação à “Europa civilizada”.

Vale também lembrar que, nos fins do século XIX, a escravidão era uma atividade econômica quase impossível. A proibição do tráfico negreiro internacional criou uma grave limitação da mão de obra, dificultou a obtenção de novas peças e encareceu o escravo no mercado. Apesar da ampliação do tráfico interprovincial, o uso dos escravos não conseguia suprir a enorme demanda gerada pela economia cafeeira. Não por acaso, vemos que a mão de obra dos imigrantes se transformava em uma opção mais atrativa.

Outro ponto a ser destacado também se relaciona com a própria intensificação dos negros nos episódios de rebelião dos escravos contra os seus senhores. Em 1835, a Revolta dos Malês serviu como um alarmante sinal de alerta sobre a capacidade que os escravos teriam na articulação de levantes contra a ordem vigente. Ao mesmo tempo, várias fugas e o surgimento de novos quilombos também contribuíram para a iminente crise do sistema escravista.

Com isso, ao abolir a escravidão, a princesa Isabel somente executava o “tiro de misericórdia” em uma relação de trabalho inviável. Entretanto, ao não dispor nenhum tipo de inserção dos negros à sociedade, a Lei Áurea se mostrou limitada ao manter os negros libertos na mesma condição de dependência e subordinação. Em várias situações, os salários irrisórios impunham uma condição de vida tão ou mais penosa para aqueles novos trabalhadores livres.

Na virada do século XIX, vemos que diversos ex-escravos se deslocaram para os grandes centros urbanos em busca de novas oportunidades de trabalho. No Rio de Janeiro, ocuparam desordenadamente antigos casarões e cortiços velhos que se transformaram em verdadeiros nichos de insalubridade e graves epidemias. Com o passar do tempo, vários negros libertos e seus descendentes vivenciaram o processo de exclusão que originou as primeiras favelas da capital.

Por Rainer Sousa
Mestre em História.

Faleceu Mestre Peixinho


Chora capoeira, capoeira Chora.
Chora capoeira Mestre Peixinho foi simbora...

Mestre Peixinho – Marcelo Azevedo Guimarães / Rio de Janeiro, RJ.
Mestre Peixinho nasceu em Vitória, Espírito Santo, em 1947. Iniciou a capoeira em 1964, entrando para o grupo que veio a ser denominado Grupo Senzala, em 1965, sendo um de seus fundadores. Participou do torneio Berimbau de Ouro em 1967, 1968 e 1969. Ministrou aulas de capoeira na UFRJ de 1973 a 1980, na UERJ de 1979 a 1983. Participou de exibições e shows no teatro Municipal (1971) e Sala Cecília Meireles (1969), Festival Internacional na Ilha de Reunion (1977), Projeto Brasil em Preto e Branco, durante seis meses na Europa, em 1987, organizador dos primeiros encontros europeus de capoeira a partir de 1987 e dos Encontros Escandinavos de Capoeira, a partir de 1990. Atualmente Mestre Peixinho coordenava um extenso grupo de professores que ensinam em diversas cidades brasileiras, européias e americanas.

Vai em Paz Mestre Peixinho...O nosso senhor estará te esperando de braços abertos.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mestre Bimba

Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba (1900/1974), foi um dos maiores capoeiristas de todos os tempos. Excelente jogador, lutador respeitado, era um exímio cantador e tocador de berimbau.

Bimba foi o primeiro capoeirista a receber uma autorização dos órgãos públicos para o funcionamento de uma academia oficial para a prática da Capoeira.

Mestre Bimba revolucionou a concepção conservadora que se tinha da Capoeira, criou seu estilo próprio, transformando-a em arte e esporte popular. Foi convidado pelo Presidente da República, Getúlio Vargas, para fazer uma exibição, ocasião em que Getúlio declarou que a Capoeira era uma luta de valor sem igual.

É o revolucionário da capoeira, respeitado e admirado por todos os capoeiristas, recebeu o título de Doutor Honoris Causa post-mortem pela Universidade Federal da Bahia, por notório saber








Professor Cacá mais que um amigo, um exemplo a ser seguido.

Antonio Carlos C. Cunha, nascido em São Paulo, capital, iniciou-se na capoeira em novembro de 1989, no clube Círculo Militar de São Paulo com o professor Chicão (formado pelo Mestre Canhão – discípulo do Mestre Bimba), pelo qual foi batizado e recebeu sua primeira graduação.

Cacá

Após um ano de treinamento e devido a problemas pessoais do professor Chicão, que o obrigaram a retornar para sua terra natal, Cacá passou a treinar com o Contra Mestre Carlos Araújo (formado pelo Mestre Gládson – Policenter), que assumiu o trabalho no C.M.S.P.. Durante aproximadamente seis anos C.M. Carlos liderou o trabalho no Círculo Militar. Cacá chegou assim a aluno graduado e iniciou seu ciclo de educador, auxiliando nas aulas de capoeira como monitor.

Em busca de aprimorar seus conhecimentos Cacá passou a treinar no Grupo Capoeira Gerais, com o Contra Mestre Aberrê (formado pelo Mestre Mão Branca). Cacá passou 10 anos ao lado do atualmente, Mestre Aberrê, aprendendo e desenvolvendo muito de sua bagagem atual, “esses dez anos foram a minha faculdade na capoeira”. Em maio de 2003, Cacá se formou professor de capoeira, que considerou um momento muito especial em sua vida, despertando a partir daí, o desejo de trilhar por novos caminhos.

Com 20 anos (novembro de 2009) vivendo a capoeira, o professor Cacá, na busca de novos horizontes e o desejo de ampliar seus ideais, em 06 dezembro de 2006, fundou a ESCOLA CULTURAL ZUNGU CAPOEIRA, que hoje é a sua própria escola, seu trabalho independente, onde juntamente com os seus alunos, graduados e instrutores traçam uma nova trajetória nessa interminável história. Tudo isso com o apoio de renomados Mestres de Capoeira.


Professor Cacá é um grande amigo e uma pessoa que tomamos como referência em nosso grupo...axé irmão!!!

Uma lenda viva da capoeira.

O MESTRE


(foto: Brígida Rodrigues)

Ao pensar em Mestre Ananias, precisamos compreender que seu legado transpassa os parâmetros e doutrinas estabelecidas na Cultura da Capoeira nas últimas décadas. A estruturação da Capoeira em São Paulo foi conduzida por capoeiras baianos, porém em uma realidade sócio-cultural que segue uma trilha diferente, cheia de segredos a serem desvendados.

OBRA VIVA, DURADOURA


Bahia...
Ananias Ferreira nasceu em 1924 em São Félix (BA), nesta região que vivencia a força e influência africana em solo brasileiro e que oferece a Capoeira, o Samba e o Candomblé como alicerces formadores da nossa cultura. Sua infância, portanto, foi brincar e compartilhar esse universo, uma realidade cheia de contrastes em relação ao que vivemos hoje. Em suas lembranças, Ananias fala de um senhor que tocava berimbau de imbé, ou cipó caboclo, o Mestre Juvêncio, também de seus companheiros de roda: os irmãos Toy e Roxinho, Caial, Estevão, João de Zazá, Café e Vito. Ele lembra também de Inácio do Cavaquinho (que fazia samba com seu pai) e da roda de capoeira que armavam na venda do Seu Mané da Viola em Muritiba na rua do “Caga à Toa” (hehe).

Ainda muito jovem, Ananias trabalhou na lavoura de cana e nas indústrias de fumo, quando decidiu ir a Salvador em busca de melhores condições de vida. Na capital baiana, morou nos bairros do Engenho Velho de Brotas, Curuzu e Liberdade, onde é acolhido por um dos grandes mestres da Capoeira, Valdemar da Liberdade. Aí teve sua maior influência e passa a ser responsável pela bateria junto a Bugalho, Zacarias e Mucungê. Nessa época de formação da Capoeira (que se apresenta hoje) conviveu com grandes nomes como Mestres Pastinha, Nagé, Onça Preta, Noronha, Dorival (irmão de Mestre Valdemar), Traíra, Cobrinha Verde, Canjiquinha – de quem recebeu seu diploma - e tantos outros. Foi ali no Corta-Braço (assim é conhecida a região onde se localizava o Barracão do Mestre Valdemar) que os produtores Wilson e Sérgio Maia buscaram Mestre Ananias, Evaristo, Félix e algumas baianas para trabalhar na cena teatral paulistana...


São Paulo, 1953...
Junto a Plínio Marcos e Solano Trindade na cena teatral paulistana, Ananias contribuiu para dar visibilidade à riqueza do patrimônio espiritual e estético do Negro brasileiro. Sacudiu os teatros paulistanos (Municipal, Arena, São Pedro, TAIB, São Paulo Chic, entre outros) com os sambistas Geraldo Filme, Toniquinho Batuqueiro, Zeca da Casa Verde, Talismã, Jangada, Silvio Modesto, João Valente, João Sem Medo e outros batuqueiros. Atuou na peça Balbina de Iansã, em 1970, e em Jesus Homem, em 1980 (ambas de autoria de Plínio Marcos. Esteve no elenco da primeira encenação de O Pagador de Promessas (dirigida no TBC por Flávio Rangel em 1960) e teve participação na trilha sonora da filmagem deste enredo, em cartaz nos cinemas dois anos após. Também participou dos filmes Brasil do Nosso Brasil (produzido por Xangô), Fronteira do Inferno e Ravina (de Anita Castelane) e fez gravações com Jair Rodrigues, entre outros.

Pioneiro entre os capoeiristas a estabelecer residência na terra da garoa, Mestre Ananias está hoje em plena atividade e é enorme influência para gerações na tradição da Capoeira Paulistana e o representante do Samba de Roda do Recôncavo Baiano na capital.

Neste mais de meio século, conviveu com grandes capoeiristas baianos que viveram e passaram por São Paulo, como Zé de Freitas, Limão, Valdemar (do Martinelli), Hermógenes, Gilvan, Silvestre, Paulo Gomes, Suassuna, Brasília, Joel e muitos outros.

Ananias Ferreira é uma figura emblemática da cultura afro-brasileira, que ao longo de uma vida extensa ─ com tenacidade e carisma ─ mantém viva a mais pura ancestralidade no moderno coração da maior cidade do Brasil.

É o representante mais significativo entre os criadores de uma instituição que se mantém há mais de meio século: a roda de capoeira dominical da Praça da República em São Paulo. Uma autêntica ágora, espaço de resistência, de confronto e diálogo dos talentos e dos estilos mais diversos, e também de aprendizagem. Poucos capoeiristas na cidade de São Paulo não conheceram de perto esta roda ou estiveram cientes da oportunidade de entrar livremente nela. Esta instituição é a emanação do carisma de uma pessoa, Mestre Ananias, cujo axé inscreve esta vitalidade coletiva num lugar altamente simbólico, compatibilizando a liberdade informal da rua com a urbanidade dos costumes.


A AFRICANIDADE NA GESTUALIDADE E NA VOZ : A TRANSMISSÃO DA HERANÇA AFRICANA ATRAVÉS DA ARTE
Cada vez mais escassos hoje entre os expoentes reconhecidos da cultura afro-brasileira são aqueles que portam no seu corpo as marcas gestuais, as posturas, as inflexões vocais que denotam a origem cultural africana. Aquilo que se tentou resgatar através do exemplo do reconhecimento tão tardio de uma Clementina de Jesus ainda está vivo em poucos redutos do Brasil, entre os quais o manancial que irrigou musicalmente o país com o Samba de Roda – hoje Patrimônio da Humanidade na categoria de expressões orais e imateriais: o Recôncavo da Bahia, onde o Mestre nasceu e se criou.

Tanto na roda de capoeira, na ginga e na mandinga, como na entonação e nas síncopes do canto, do pandeiro, do atabaque, nos passos inesperados do samba dançado, tudo aquilo que suscitava nas anotações de campo de Mário de Andrade julgamentos entusiastas e de admiração, está sendo transmitido pelo exemplo vivo do Mestre. Sabemos da importância do registro de vivências que se tornarão modelos clássicos para as gerações vindouras.


REGISTROS DOCUMENTAIS
Somente aos 80 anos Mestre Ananias gravou o primeiro cd de capoeira como protagonista, junto a seus discípulos formados no início da década de 90 e que vivem sua rotina diária. Aos 83 anos, lançou com o grupo Garoa do Recôncavo seu primeiro cd de Samba de Roda. Em 2009, foi um dos mestres selecionados para o registro no documentário Cantador de Chula (de Marcelo Rabello) como o único sambador convidado que não reside na região do Recôncavo.

No ano de 1979, participou da gravação do LP de Mestre Joel e também esteve presente em gravações amadoras de outros grupos de capoeira no decorrer de sua carreira.

Fotos do 1° Encontro Nacional Bassula Capoeira





CAPOEIRA - Patrimônio Cultural Brasileiro- IPHAN


CAPOEIRA - Patrimônio Cultural Brasileiro- IPHAN
Depois de cerca de 300 anos de história no Brasil, a capoeira foi reconhecida como patrimônio cultural brasileiro.A proposta do registro foi aprovada ontem, em reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), em Salvador.A sessão ocorreu no Palácio Rio Branco, com a presença do governador Jaques Wagner, do ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, e do presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo, além de capoeiristas, que fizeram uma grande roda do lado de fora.À noite, no Teatro Castro Alves, foi realizado um show para homenagear a capoeiragem, com a participação de Roberto Mendes, Mariene de Castro, Wilson Café, Ramiro Musotto, além do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos e do mestre capoeirista Lourimbau. Também no Castro Alves foi aberta a exposição “Na roda da capoeira”.
O Ministério da Cultura já havia tombado a ciranda e a tapioqueira, que são patrimônios vivos. A iniciativa de tombamento faz as coisas não desaparecerem, fica um registro importante e as pessoas tomam consciência da importância da cultura local - disse Naná Vasconcelos.Segundo Naná, o berimbau tem bastante complexidade, ao contrário do que apregoou o ex-diretor da Faculdade de Medicina Antonio Natalino Dantas, obrigado a renunciar ao cargo depois de afirmar que “o berimbau é um instrumento para quem tem poucos neurônios”.

PROJETO DE LEI 1371/07 - CAPOEIRA DERRUBA CREF/CONFEF


PROJETO DE LEI 1371/07 - CAPOEIRA DERRUBA CREF/CONFEF
CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI Nº 1371/07 DE 2007
(Da Sra. ALICE PORTUGAL)

"Acrescenta parágrafo único ao art. 2º da Lei nº
9.696, de 1º de Setembro de 1998".

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Acrescente-se ao art. 4º da Lei nº 9.696, de 1º de Setembro
de 1998, o Parágrafo Único, com a seguinte redação:
"Art. 2
Parágrafo Único. Não estão sujeitos à fiscalização dos
Conselhos previstos nesta lei os profissionais de Dança, Capoeira,
Artes Marciais, Ioga e Método Pilates, seus instrutores, professores
e academias."
Art. 2º Esta lei entre em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICAÇÃO

O Projeto de Lei que apresento tem o propósito de resgatar todo um
rico processo de discussão ocorrido em diversas Comissões Temáticas da
Câmara dos Deputados, inclusive com a realização de audiências públicas, em
torno do Projeto de Lei nº 7370, de autoria do deputado Luiz Antônio Fleury
Filho, que foi arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno.
Primeiramente, na condição de relatora da proposição na Comissão
de Educação e Cultura, requeri o desarquivamento do PL 7.370/2002. Em 08
de maio de 2007, a Mesa da Câmara dos Deputados indeferiu o Requerimento,
alegando que o desarquivamento só poderia ser requerido pelo autor da
proposição.
Assim, na busca do resgate de uma proposta que foi objeto de
amplo e democrático debate ao longo de cerca de dois anos, decidi
reapresentar na forma de novo Projeto de Lei o substitutivo de minha autoria,
aprovado por unanimidade nas Comissões de Educação e Cultura e de
Turismo e Desporto.
O objetivo do presente Projeto de Lei é fazer consignar na Lei que
os profissionais de danças, artes marciais, ioga e método pilates, seus
instrutores, professores e academias não estão sujeitos à fiscalização dos
Conselhos Regionais de Educação Física e do Conselho Federal de Educação
Física, criados pela Lei nº 9.696, de 1998.
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Ressalte-se que existem diversas ações movidas pelo Ministério
Público no sentido de coibir exigências que alguns Conselhos Regionais de
Educação Física estariam fazendo às academias de dança, artes marciais,
capoeira, ioga etc..
O Projeto de Lei pretende por fim às interpretações conflitantes que
estão sendo dadas à Lei 9696/1998 em virtude de seu texto não definir com
clareza e exatidão o campo de intervenção do "profissional de educação física".
A dubiedade da Lei tem possibilitado ao Conselho Federal de Educação Física
- CONFEF a adotar uma política de continuada ampliação de seu espectro de
fiscalização, justificada com a edição de resoluções, decretos e portarias
internas, todas com o propósito de abarcar sobre sua alçada as mais diversas
profissões, ofícios, manifestações culturais e artísticas que têm na
manifestação do corpo sua forma de expressão.
A Resolução 046/02, do CONFEF, por exemplo, diz que o
"profissional de educação física" é especialista em atividades físicas nas suas
diversas manifestações - e daí demanda uma longa listagem - dentre elas a
capoeira, artes marciais, dança e ioga.
Grandes publicações semanais brasileiras têm circulado com
anúncios de página inteira, contendo publicidade assinada pelo CONFEF que
diz: "Cuide-se: não deixe seu corpo e sua saúde nas mãos de qualquer pessoa.
Procure sempre um profissional de Educação Física registrado no Confef. Se
você faz ginástica, musculação, luta, dança, hidroginástica ou qualquer outra
atividade física, procure sempre um profissional com o registro do Confef."
A despeito de considerar a profissão de Educação Física uma
atividade necessária e importante, reconhecida internacionalmente pelas
contribuições que dá à sociedade, acredito que esta profissão tem suas
especificidades próprias que diferem das demais manifestações culturais e
artísticas, ofícios e expressões corporais que se aperfeiçoaram ao longo dos
séculos, muitas delas se transformando em atividades profissionais, outras em
tradições culturais dos povos.
A área de conhecimento de Educação Física tem, ao longo do
tempo, produzido um conhecimento que se operacionaliza em intervenções
junto ao ser humano que pratica atividades físicas e esportes, propiciando o
aparecimento de uma relação inter e transdisciplinar no campo das ciências,
em especial com aquelas ligadas à educação e à saúde. Usa uma extensa
seleção de atividades físicas, beneficiando-se dos ambientes naturais e meios
construídos para as facilidades controladas, no sentido de propiciar melhor
acesso das pessoas, mais segurança e tempo de prática de atividades físicas
vitais para o bem estar do corpo.
O profissional de educação física contribui para a formação integral
do ser humano, ajudando-o a desenvolver capacidades físicas como força,
resistência, flexibilidade e coordenação motora. Além disso, sua atuação é de
fundamental importância para assegurar a sociabilidade, o desenvolvimento
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cognitivo e emocional do aluno de Educação Física, para que ele alcance,
através do lúdico e dos jogos, o pleno conhecimento do que significa ganhar e
perder.
A Educação Física é, ainda, o espaço escolar onde, através da
motricidade humana, pode exercitar-se o aluno no exercício da liberdade, da
autonomia, do pluralismo, da auto-organização
A lei federal 9696/98, que versa sobre a regulamentação da
profissão de Educação Física, é um instrumento importante no sentido de
emprestar à esta atividade maior credibilidade e respeito no mercado de
trabalho. Porém, esta lei não autoriza o CONFEF a intervir em outras áreas de
expressão artístico/cultural, espaços próprios e há muito consagrados pela
ação e memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
Ademais, não há registro da exigência, em outros países, de que os
professores de danças e modalidades de luta sejam professores de educação
física com formação superior. A exigência de que isto se dê em nosso país é,
portanto, desprovida de fundamento legal.
A Constituição Federal, em seu art. 5.º, Inciso XX, dispõe:
"Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado".
O art. 170 de nossa Carta Magna assevera ainda:
"É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade
econômica, independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei".
Já os artigos 215 e 216 do texto constitucional dispõem:
"O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e
incentivará a valorização e a difusão das manifestações
culturais. (...) Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens
de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira...".
Tais dispositivos inscritos em nossa Constituição, por si só, já seriam
suficientes para dirimirem interpretações parcializadas de uma lei pouco clara.
Porém, caso ainda existam dúvidas sobre a polêmica, uma sucinta análise de
cada uma das atividades, ofícios e manifestações culturais e artísticas às quais
o CONFEF reivindica a tutela de sua fiscalização, servirá para por termo à
questão.
CAPOEIRA - A capoeira é uma manifestação cultural popular,
símbolo da resistência dos negros à escravidão e uma afirmação de suas
origens. Muito antes de haver a profissão de professor de educação física, a
CÂMARA DOS DEPUTADOS
capoeira já era praticada em nosso país, particularmente na Bahia, como um
gesto de identidade cultural que serve aos afro-descendentes e aos cidadãos
brasileiros como arte, ofício e importante meio de inclusão social.
É uma manifestação da cultura popular brasileira que reúne
características muito peculiares, sendo um misto de luta–jogo–dança e um
excepcional sistema de auto-defesa, destacando-se entre as modalidades lutajogo-
dança por ser a única originariamente brasileira e fundamentada em
nossas tradições culturais.
Segundo Francisco Pereira da Silva, estudioso de nosso folclore,
"nenhum fato relacionado com a cultura popular brasileira terá suscitado tanto e
tão prolongado debate quanto a Capoeira. Sua procedência, a origem do
nome, as implicações na ordem social, determinaram discussões que até
tempos recentes incitaram os espíritos. Etimologistas, antropólogos,
folcloristas, historiadores, têm participado na pugna literária com os seus
pareceres, testemunhos ou palpites. Enquanto isso, ia a polícia 'contribuindo'
com o argumento velho do chanfalho e pata de cavalaria..."
A Capoeira já foi motivo de grande controvérsia entre os estudiosos
de sua história, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o
seu surgimento – supostamente no século XVII, quando ocorreram os primeiros
movimentos escravos de fuga e rebeldia – e o século XIX, quando aparecem
os primeiros registros confiáveis, com descrições detalhadas sobre sua prática.
Tem ela uma história acidentada, pontilhada de episódios vexatórios
e truculentos. Perseguida desde o começo, no caldeirão que misturou as várias
etnias que formam o nosso povo, ganhou fama de má prática, coisa de
“malandros”, “vadios”. A perseguição durou até a década de 1930, quando,
graças principalmente ao trabalho de Mestre Bimba – “Grande Mestre da
Capoeira” – e seus discípulos, inaugurou-se a fase de efetiva sistematização
do ensino da capoeira e de seu reconhecimento social, assim como o de todas
as outras manifestações culturais de matriz africana.
O nome "CAPOEIRA" deu-se em função do seguinte: os Escravos
ao fugirem para as matas, tinham no seus encalços os famigerados Capitães
do Mato, enviados pelos senhores. Os escravos em fuga reagiam e os
atacavam, nas clareiras de mato ralo, cujo nome é capoeira, com pés, mãos e
cabeças, dando-lhes surras ou até mesmo matando-os. Os que sobreviviam
voltavam para os seus patrões indignados. Estes perguntavam: "Cadê os
negros?" e a resposta era: "Eles nos pegaram na capoeira". Referindo-se ao
local onde foram vencidos.
A Capoeira no meio das matas era praticada como luta mortal. Já
nas fazendas, era praticada como brinquedo inofensivo, pois ela estava sendo
feita sob os olhares dos Senhores de Engenho. Naquele momento se
transformou em dança. Para disfarçarem a luta utilizavam a ginga, a base de
qualquer "capoeirista"; e é dela que saem todos os golpes. Esse disfarce foi
fundamental para a sobrevivência dos escravos, pois a Capoeira é,
CÂMARA DOS DEPUTADOS
principalmente, na sua origem, uma luta de resistência.
A capoeira reúne todos estes componentes originais, o que lhe
outorga uma excepcional riqueza artística, melódica e dinâmica; um enorme
potencial evolutivo e, finalmente, uma gama intensa de aplicações esportivas,
coreográficas, terapêuticas, pedagógicas etc., que abrange desde o simples
jogo às franjas das artes marciais e da defesa pessoal.
DANÇA - Os dançarinos profissionais desenvolvem uma atividade
artística respaldada por vários cursos superiores em inúmeras universidades
públicas do país. Diversas universidades públicas brasileiras oferecem o curso
de dança desde 1957 e seus currículos são completos, contendo disciplinas
como anatomia, fisiologia, cinesiologia, história da arte e estética.
A Legislação vigente abriga, pelo menos, três documentos, que se
não contemplam a totalidade e a diversidade das áreas de atuação dos
profissionais da Dança, têm atendido seu exercício profissional até aqui.
O exercício profissional da Dança encontra-se hoje amparado pela
Lei 6533/78, de 24 de maio de 1978 (Lei do Artista) e pelo Decreto nº
82385/78, de 05 de outubro de 1978, que prevê as seguintes atividades:
bailarino/dançarino, coreógrafo, assistente de coreógrafo, assistente de
direção, diretor, diretor de produção, ensaiador de dança e mâitre de ballet. De
acordo com as descrições das suas funções evidencia-se que o mesmo pode
ministrar aulas de dança em academias ou escolas de dança.
De acordo com o Parecer nº 641/71 do Conselheiro Clóvis Salgado
e conseqüente Resolução s/nº de 19/08/1971, do antigo Conselho Federal de
Educação, os cursos superiores de Dança encontram-se regulamentados
discriminando a formação do Bacharel e do Licenciado em Dança.
As Diretrizes Curriculares do Ensino de Graduação de Dança
sugerem as seguintes áreas de atuação: a interpretação, a coreografia e o
ensino da dança compreendendo suas habilidades e competências gerais e
específicas do profissional de dança, bem como os respectivos conteúdos
curriculares.
Diante disso, torna-se muito clara a autonomia da dança que, com a
sua especificidade, se fortifica enquanto área do conhecimento, reforçada pela
criação e expansão dos cursos de Graduação e Pós-graduação de Dança no
Brasil nos últimos vinte anos.
A dança é, pois, uma profissão reconhecida, uma área de
conhecimento estruturada por leis e diretrizes educacionais próprias, com
profissionais aptos a definir seus próprios destinos e determinar parâmetros
para avaliar a competência da formação e atuação de seus profissionais.
Reforçando toda esta argumentação, a professora Dulce Aquino,
diretora da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia e do Fórum
Nacional de Dança, em seu depoimento na Audiência Pública da Comissão de
Educação da Câmara dos Deputados afirmou com propriedade: "nem sempre
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aquele que detém a melhor técnica ou mais anos de estudo é quem
desempenha melhor a arte da dança, porque ela vem da alma. Dança não é só
esforço repetitivo dos músculos".
A própria organização do Ministério da Educação enquadra dança e
educação física em áreas distintas. Enquanto a primeira está relacionada na
área das ciências humanos e sociais, a segunda se relaciona à área das
ciências biológicas e da saúde.
IOGA - O ioga é uma filosofia ancestral, de origem indiana, com uma
orientação completamente diferente das raízes greco-romanas da ginástica e
educação física. Tanto os métodos como os objetivos do ioga se distinguem
radicalmente destas últimas. A definição técnica mais aceita do ioga, é que
"ioga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi
(hiperconsciência)" (cf. Mestre DeRose, na obra "Faça Ioga Antes que Você
Precise"); e o ioga está comprometido com o autoconhecimento profundo do
praticante.
Uma prática ortodoxa do ioga enfeixa técnicas como mudrá (gestos
reflexológicos feitos com as mãos), pujá (sintonização com o arquétipo,
retribuição ética de energia), mantra (vocalização de sons e ultra-sons),
pránáyáma (controle consciente da respiração, expansão da bioenergia através
de respiratórios), kriyá (atividade de purificação da mucosas) ásana (técnicas
orgânicas), ioganidrá (relaxamento consciente para assimilação das técnicas
anteriores) e samyama (concentração, meditação e hiperconsciência).
Educação física nada tem a dizer sobre essas técnicas específicas
do ioga. Um profissional de ginástica ficaria inteiramente perdido se tivesse de
ensinar mantra, que exige conhecimento de sânscrito, entre outras coisas, ou
ainda ensinar técnicas de meditação, a uma turma de alunos de ioga, o que
transcende a sua competência de educador físico, conforme a lei. Mesmo os
ásana, que são técnicas orgânicas, regem-se por princípios inteiramente
diferentes dos exercícios de ginástica. Os ásana são técnicas em que a
mentalização desempenha papel crucial. A meta dos ásana é a permanência
na posição o maior tempo possível, e nunca a repetição que caracteriza os
exercícios de ginástica. Enquanto em exercícios ginásticos é recomendável o
aquecimento prévio, isso é inteiramente desaconselhável na prática dos ásana.
E quando os ásana se encadeiam uns aos outros, de forma rítmica e
harmônica, formam belíssimas coreografias como as que caracterizam o
Swásthya ioga, o ioga Antigo, bem mais próximas da arte do que dos
movimentos repetitivos da educação física.
Não há, portanto, como subordinar uma filosofia, caracterizada por
uma metodologia de busca do autoconhecimento e da hiperconsciência, com
técnicas muito específicas e inteiramente díspares em relação às que
fundamentam a ginástica, aos parâmetros da educação física e submetê-la à
fiscalização de profissionais que não detém sequer noções daquele
conhecimento ancestral, como os que compõem os Conselhos de Educação
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Física.
E nem a lei que regulamentou a profissão de educação física
pretendeu isso, em nenhum momento. Nela, não se faz nenhuma referência ao
ioga.
Ressalte-se ainda que esta Casa aprovou recentemente Projeto de
Lei nº 4680/2001, de autoria do deputado Aldo Rebelo, que regulamenta o
exercício das atividades profissionais de ioga e cria os Conselhos Federal e
Regionais de Ioga. A matéria tramita no Senado Federal onde recebeu a
seguinte denominação: Projeto de Lei da Câmara nº 77, DE 2002. Isso vem
coroar uma luta que se iniciou em 1978, com a apresentação do primeiro
Projeto de Lei que regulamentava a profissão.
Importante destacar, também, que a categoria está organizada em
um Sindicato Nacional dos Profissionais de Ioga, na Confederação Nacional de
Ioga do Brasil e nas Federações de Ioga estaduais, que formam um sistema
unitário e combativo de representação dos que se dedicam ao ensino dessa
nobre filosofia.
PILATES - A técnica Pilates é um exemplo de abordagem corporal
historicamente utilizada no treinamento de bailarinos e hoje bastante popular.
Esta técnica foi amplamente desenvolvida por profissionais de dança. Quando
o seu criador, Joseph Hubertus Pilates, chegou a Nova Iorque, o seu trabalho
logo começou a ser conhecido e apreciado por bailarinos e coreógrafos.
Hoje um grande número de universidades da Europa e EUA oferece
Pilates na grade curricular dos seus cursos de dança e grandes companhias
internacionais de dança utilizam o método para treinamento dos seus
bailarinos.
No Brasil, as únicas instituições de ensino superior que oferecem
Pilates na sua grade curricular são escolas de Dança, são elas: a Universidade
Federal da Bahia, que conta, no seu corpo docente, com cinco professores
especializados nesta técnica; a Escola de Dança Angel Vianna (Rio de Janeiro)
e a Universidade do Paraná. O relacionamento desta técnica com a dança
remonta à década de1920 e é, portanto, muito mais antigo e intrínseco do que
com a área de Educação Física que começou a utilizá-la nos anos 90.
Apesar da intrínseca ligação entre a técnica de Pilates e a Dança, é
preciso destacar que o Método Pilates trabalha com conceitos
multidisciplinares, uma vez que propõe a interação consciente entre corpo e
mente através da concentração dirigida aos movimentos executados, buscando
com isso ampliar a consciência corporal, reeducar movimentos que se
encontram mecanicamente desorganizados, treinar o corpo para realização de
movimentos variados, promover bem estar físico e mental entre outros.
ARTES MARCIAIS - Um dos componentes das artes marciais,
talvez o mais importante, reside no arcabouço cultural que a caracteriza e que
tem origem no início mesmo da própria cultura oriental – especialmente a
CÂMARA DOS DEPUTADOS
japonesa, influenciada pela China e pela Índia –, envolvendo, inclusive, os seus
aspectos religiosos e folclóricos e refletindo em muitos pontos a própria
maneira de pensar e viver dos povos orientais.
Importante registrar que as artes marciais já vem sendo praticadas
no nosso país há cerca de cinqüenta anos, contribuindo para a formação
cultural e moral, para o fortalecimento da saúde física e o caráter dos jovens
brasileiros e para o aprimoramento da defesa pessoal de seus praticantes.
Nesse sentido, ao lado da educação obtida no seio da família e
daquela extraída da freqüência dos bancos escolares e das bancas
universitárias, as artes marciais vêm assumindo, há mais de meio século, papel
de fundamental importância como forte complemento educacional para a
população pátria.
As artes marciais já vem sendo reguladas pela legislação de nosso
país, desde há muito, tanto que os seus milhões de praticantes são filiados às
respectivas federações e/ou confederações das diversas modalidades que, por
seu turno, são, necessariamente, cadastradas e fiscalizadas pelo antigo
Conselho Nacional de Desportos, hoje desmembrado no INDESP – Instituto
Nacional do Desenvolvimento do Desporto e no CDDB – Conselho de
Desenvolvimento do Desporto Brasileiro, instituídos pela Lei 9.615/98 e
Decreto 2.574/98.
Pelas razões expostas, colhidas em meio aos debates realizados
nas Comissões Temáticas da Câmara dos Deputados sobre o assunto, julgo
ser necessário e urgente a aprovação do presente Projeto de Lei.
Sala das sessões, em de de 2007.
Deputada ALICE PORTUGAL

IMPORTANTE:

O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Acrescente-se ao art. 4º da Lei nº 9.696, de 1º de Setembro
de 1998, o Parágrafo Único, com a seguinte redação:
“Art. 2º (…)
Parágrafo Único. Não estão sujeitos à fiscalização dos Conselhos previstos nesta lei os profissionais de Dança, Capoeira, Artes Marciais, Ioga e Método Pilates, seus instrutores, professores
e academias.”
Art. 2º Esta lei entre em vigor na data de sua publicação.

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 9.696, DE 1 DE SETEMBRO DE 1998.
Dispõe sobre a regulamentação da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o O exercício das atividades de Educação Física e a designação de Profissional de Educação Física é prerrogativa dos profissionais regularmente registrados nos Conselhos Regionais de Educação Física.
Art. 2o Apenas serão inscritos nos quadros dos Conselhos Regionais de Educação Física os seguintes profissionais:
I - os possuidores de diploma obtido em curso de Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhecido;
II - os possuidores de diploma em Educação Física expedido por instituição de ensino superior estrangeira, revalidado na forma da legislação em vigor;
III - os que, até a data do início da vigência desta Lei, tenham comprovadamente exercido atividades próprias dos Profissionais de Educação Física, nos termos a serem estabelecidos pelo Conselho Federal de Educação Física.
Art. 3o Compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto.
Art. 4o São criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Educação Física.
Art. 5o Os primeiros membros efetivos e suplentes do Conselho Federal de Educação Física serão eleitos para um mandato tampão de dois anos, em reunião das associações representativas de Profissionais de Educação Física, criadas nos termos da Constituição Federal, com personalidade jurídica própria, e das instituições superiores de ensino de Educação Física, oficialmente autorizadas ou reconhecidas, que serão convocadas pela Federação Brasileira das Associações dos Profissionais de Educação Física - FBAPEF, no prazo de até noventa dias após a promulgação desta Lei.
Art. 6o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 1 de Setembro de 1998; 177o da Independência e 110o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Edward Amadeo

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Bom dia Pessoal!!!

Sabado dia 14 de maio a familia Bassula capoeira marcará presença no evento do C.m Pinoquio do Grupo Cordão de Ouro...Axé


Ela Voltou e com força total.

Revista Capoeira inova e vira revista bilíngue
A Revista Capoeira volta às rodas de capoeira com um novo conceito e uma revista bilíngue, ganhando um projeto gráfico e linha editorial
moderna. A partir do mês de maio em todas as bancas do Brasil.
A Revista Capoeira irá retratar a Capoeira de uma maneira diferente. As reportagens vão mostrar uma Capoeira que os brasileiros terão prazer em apresentar aos estrangeiros. E detalhe importante: com a certeza de que eles vão entender, já que a revista será bilíngue, em português e inglês.
A mudança faz parte da filosofia da Revista Capoeira, que está no mercado há 15 anos, de estar sempre em sintonia com as mudanças e necessidades da comunidade Capoeiristica espalhada pelo mundo.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Acompanhem os melhores momentos do professor Burca no 1° Encontro Nacional Bassula Capoeira

1 Encontro EcoCultural Bassula Capoeira

1º Encontro Eco Cultural Bassula Capoeira
















Nos dias 6 e 7 de Junho, aconteceu na cidade de Bauru o 1º Encontro Eco Cultural BassulaCapoeira, promovido e organizado pelo professor Burca daAssociacaocultural bassulacapoeira. O evento que teve inicio as 12:30 horas no sábado (6), contou com a presença de grupos vindos deBotucatu/Sp, São Paulo/Sp e Três Lagoas/Ms.
Quem esteve presente no evento, além de participar de palestras e aulas com professores e mestres visitantes, pode conferir o batizadodos alunos da Associacao cultural bassula capoeira, momento muito importante para essa galera que esperava ansiosamente pela mudança de corda para um nível superior.
Durante todo o período em que ficaram reunidos na Chácara Shaloom, em Bauru, os participantes se mostraram muito dispostos e envolvidos com todo o clima do evento, resumido a união, colaboração e diversão, e o principal ,sem nenhum grau de competitividade.

Todas as atividades que aconteceram durante esses dois dias, estiveram dentro do cronograma programado, não fugindo a regra em nenhum momento. A cada roda, a cada ginga, era possível ver que todo esse pessoal transpira capoeira. Muito mais que uma luta, a capoeira é uma arte, um esporte que move corações e que pode transformar vidas.
Nada de brigas, nada de drogas, nada de competição, apenas o espírito de se viver e relacionar com o outro, com a natureza, com aquilo que se acredita verdadeiro. Esse foi o 1º Encontro Eco Cultural Bassula Capoeira e que venha o proximo.

Parabéns ao professor Burca, pela idealização e realização desse grande evento!!

por Danielle Cano

1° Encontro Nacional Bassula Capoeira na cidade de Bauru- SP













I Encontro Bassula Capoeira, promovido pelo professor Burca, na cidade de Bauru, interior de Sao Paulo. Nos dias 5, 6 e 7 de novembro, oficinas com mestre Tucano Preto e os professores, Marcelo e Cacá.
Presença ilustre de mestre Ananias e de capoeiristas do brasil todo.

Agradecemos primeiramente a DEUS pelo sucesso do evento e depois aos alunos e graduados da familia Bassula Capoeira e a todos convidados...esse ano tem mais...axé

Prof: Burca

Mestre Camisa recebe título de Dr. Honoris Causa

Mestre Camisa recebe título de Doutor Honoris Causa



Mestre Camisa recebe título de Doutor Honoris CausaA Universidade Federal de Uberlândia entregou , em 5 de maio de 2011, o diploma de DOUTOR HONORIS CAUSA a José Tadeu Carneiro Cardoso, o mestre Camisa.

Para homenagear meu mestre e registrar seu reconhecimento como DOUTOR também pelos poetas populares da LITERATURA DE CORDEL, escrevi este pequeno poema intitulado “NA ARTE DA capoeira mestre CAMISA É DOUTOR”

NA ARTE DA capoeira mestre CAMISA É DOUTOR
Autor: Victor Alvim (Lobisomem)

Autor: Victor Alvim (Lobisomem)

Nesse mundo em que vivemos
É difícil imaginar
Por mais que nos esforcemos
É impossível vislumbrar
As surpresas que Deus guarda
Pro futuro revelar

Na década de 50
No interior da Bahia
O povo de Jacobina
Jamais imaginaria
O destino de mais uma
Criança que ali nascia

Dona Edésia sua mãe
Também não imaginava
O futuro de seu filho
Que no ventre carregava
E os caminhos que o destino
Para ele reservava

Nem tampouco seu Lindolfo
Seu pai podia prever
As estradas que seu filho
Viria a percorrer
E a bela história de vida
Que ele iria escrever

Nem Mari-inha a parteira
Não tinha a real noção
Da responsabilidade
E da divina missão
Que ajudava a vir ao mundo
Tão importante varão

Igualmente não sabia
E jamais faria tino
O próprio José Tadeu
Qual seria o seu destino
Pois brincar era a única
Preocupação do menino

Mas brincar é coisa séria
Foi assim na brincadeira
Que o menino Tadeu
Conheceu a capoeira
Dando seus primeiros passos
Pra uma caminhada inteira

Seu irmão Camisa Roxa
Que muito lhe ensinou
Duvido que àquele tempo
Sequer ele imaginou
Que o seu irmão mais novo
Chegaria onde chegou

E nem mesmo o Doutor Bimba
Como todo o seu reinado
Não acredito que ao menos
Houvesse desconfiado
Que aquele aluno menino
Herdasse seu doutorado

Mas a capoeira foi
Uma espécie de semente
Plantada no coração
De uma criança inocente
Encontrando solo fértil
E brotando lentamente

O menino foi crescendo
O tempo ia passando
Junto dele também ia
Sempre lhe acompanhando
O amor a capoeira
Cada vez mais aumentando

Todo tempo que podia
Estava em treinamento
A arte da capoeira
Carregava em sentimento
Pra onde quer que ele fosse
A levava em pensamento

Na fazenda, na escola
E nas horas de lazer
Quanto mais ele aprendia
Mais queria aprender
E os mestres desta arte
Gostava de conhecer

Deus então o colocou
Nas mãos de um professor
Muito mais que especial
Mais que mestre, um doutor
Manoel dos Reis Machado
Seu guia orientador

E a semente capoeira
Plantada no coração
Daquele jovem baiano
Recebeu a proteção
Regada por mestre Bimba
Junto a sua plantação

Com sol quente ou chuva forte
Brisa mansa ou ventania
Tudo é vontade divina
Como o vento que um dia
Levou o mestre e o menino
Para longe da Bahia
No vestibular da vida

Passou com pouca idade
Agora o mundo seria
Sua universidade
Calouro inexperiente
Novato na faculdade
Estudante dedicado

Muito atento as lições
No trote do preconceito
Passou por humilhações
Sempre de cabeça erguida
Buscou suas soluções

Convivendo entre estudantes
De áreas convencionais
Medicina, arquitetura
E ciências sociais
Entre outras respeitadas
Carreiras profissionais

Foi cercado por pessoas
Com curso superior
Estudava a capoeira
Por ela tinha amor
E decidiu: - Nesta arte
Um dia vou ser doutor!

E em todas as matérias
Gostava de estudar
A história da capoeira
Muitas formas de treinar
Sua musicalidade
Compor, tocar e cantar

Aprendeu a ensinar
E criou seu próprio jeito
Convivendo entre os bambas
Foi tratado com respeito
Procurando agir certo
E fazer tudo bem feito

E o aluno se tornou
Um professor dedicado
Continuou estudando
Sem ficar acomodado
Tornando-se um grande mestre
Cada vez mais respeitado

E o mestre Camisa hoje
É uma árvore sagrada
Com sua raiz bem forte
Por toda a Terra espalhada
Sua madeira é de lei
Sua sombra abençoada

Que tem galhos muito fortes
E dá frutos aos milhões
Suas folhas se renovam
Por diversas gerações
Suas flores mais bonitas
Se eternizam em canções

Semente que Deus criou
Ele eternizará
O Jardineiro Sagrado
Da árvore cuidará
Na história da capoeira
Meu mestre é um baobá

Em mais de quarenta anos
Estudando sem parar
Todo tempo a enfrentar
Os preconceitos tiranos
Sofrendo com desenganos
Resistindo com vigor
Com fé, trabalho e amor
À cultura brasileira
NA ARTE DA CAPOEIRA
MESTRE CAMISA É DOUTOR


Viajando o mundo inteiro
Divulgando a nossa arte
Ensinando em toda parte
Do brasil e do estrangeiro
É um orgulho brasileiro
Exaltando o valor
Desse povo sofredor
Honrando a nossa bandeira
NA ARTE DA CAPOEIRA
MESTRE CAMISA É DOUTOR

Muitos mestres e doutores
De várias modalidades
Grandes universidades
Solicitam-lhe favores
Enaltecem seus valores
Tratando lhe com louvor
Elogiam seu labor
Por nossa Terra inteira
NA ARTE DA CAPOEIRA
MESTRE CAMISA É DOUTOR

Luiz Gonzaga no baião
No choro foi Pixinguinha
No Candomblé Menininha
No cangaço Lampião
Zumbi contra a escravidão
Pelé como jogador
Tiradentes foi senhor
Da inconfidência mineira
NA ARTE DA CAPOEIRA
MESTRE CAMISA É DOUTOR

Gandhi na sabedoria
Garrincha foi no driblar
Jesus Cristo em perdoar
Castro Alves na poesia
Freud em psicologia
Deus é como o Criador
Grande Otelo como ator
Cartola foi da Mangueira
NA ARTE DA CAPOEIRA
MESTRE CAMISA É DOUTOR

As forças da natureza
Doutoras em perfeição
O mar em imensidão
As florestas em beleza
O céu doutor em grandeza
Em sutileza é a flor
Sol e fogo em calor
Em água é a cachoeira
NA ARTE DA CAPOEIRA
MESTRE CAMISA É DOUTOR

Rio de Janeiro, 05 de maio de 2011
Autor: Victor Alvim (Lobisomem)